/** PIXELS **/ /** PIXELS **/“E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo:
Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos
de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis
que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”. (Mateus 28:18-20)
Entendemos que “discipulado é o processo em que o novo
convertido recebe todas as instruções indispensáveis ao crescimento de sua fé,
até poder fazer outros discípulos”[1].
Este processo se inicia antes mesmo da conversão, na abordagem ou na
evangelização, e se prolonga até que o novo convertido esteja plenamente
integrado ao corpo de Cristo, frutificando em Cristo e servindo ao próximo,
alcançando sua família, sua comunidade e o mundo. Conforme Keith Phillips: “o discipulado Cristão é um relacionamento
de mestre e aluno, baseado no modelo de Cristo e seus discípulos, no qual o
mestre reproduz tão bem no aluno a plenitude da vida que tem em Cristo, que o
aluno é capaz de treinar outros para ensinarem a outros[2]”.
David Kornfield afirma
que “o discipulado é um relacionamento
comprometido e pessoal em que um discípulo mais maduro ajuda outros discípulos
de Jesus Cristo a se aproximarem mais dele e assim reproduzirem este efeito[3]”.
Observamos que as bases
do discipulado cristão são o relacionamento
pessoal e a edificação pelo ensino da palavra de Deus. As duas
coisas caminham juntas, como as duas pernas de um homem ou as duas asas de uma
ave. Se uma falhar, a mobilidade ficará comprometida.
No texto bíblico que
embasa este artigo vemos que a Grande Comissão de Jesus à sua Igreja foi o
mandato de “fazer discípulos”. E como agência educadora da Igreja, a Escola
Bíblica Dominical deve promover o discipulado pleno dos seus alunos através do
relacionamento. Colin Marshal e Tony Paine afirmam:
O ponto importante aqui é que o treinamento
(discipulado) é inescapavelmente relacional. Não pode ser feito em uma sala de
aula por meio de suposta transferência de informação neutra. O treinador está
exigindo que o treinado adote não somente seus ensinos, mas também a maneira de
vida que resulta necessariamente de seu ensino.
Assim, percebemos que o
discipulado não é apenas um curso bíblico para novos convertidos, embora o
curso bíblico seja o discipulado inicial para a consolidação da fé e para a
integração, mas para além disso o discipulado constitui o acompanhamento e o
cuidado que um discípulo mais maduro (professor) presta a um discípulo menos
maduro (aluno), numa relação de ajuda.
Na prática da EBD na
atualidade, o professor muitas vezes cumpre apenas uma escala, transmitindo o
conteúdo, mas não tem a intencionalidade de ser um Mestre-Discipulador e de
promover os relacionamentos pessoais transformadores (professor versus aluno e aluno versus alunos). Com raras exceções o
aluno não é acompanhado pelo professor no seu dia-a-dia extraclasse. O
resultado é a falta de comunhão, a falta de crescimento e consequentemente a
diminuição do interesse do aluno em participar da EBD. A distância entre o
professor e o aluno inviabiliza o crescimento espiritual saudável e o
discipulado.
Josué Campanhã afirma
que “a grande diferença entre o
discipulado que Jesus praticava e os nossos métodos de ensino é a compaixão.
Jesus sentia compaixão pelas pessoas a quem ministrava, e ensinava com paixão.
Hoje as igrejas estão cheias de professores que sentem a necessidade de ter um
público para ouvi-los, e ensinam com orgulho”[4],
mas não estão dispostos ao investimento pessoal que um relacionamento
discipulador exige.
Discipulado é
centralizado nesse relacionamento onde o discipulador, que é primeiramente um
verdadeiro discípulo de Jesus, assume o compromisso de ensinar com a vida e de
se relacionar de maneira transformadora.
O discipulado que transforma vidas é aquele
praticado todos os dias e não apenas no domingo. Precisa passar pelo coração de
quem ministra para depois chegar ao discípulo. Deve ficar incutido na mente do
discípulo. Os pais espirituais devem falar dia a dia. O conteúdo não pode estar
apenas num livro ou numa revista. Foi esse também o modelo de Jesus. Ele não
tinha uma classe semanal de discipulado, mas ele estava dia a dia com os doze[5].
Além disso, existem
professores que veem o aluno no sentido mais latino da palavra, como alguém
“sem luz”, e acabam despejando conteúdo sem se preocupar com a relevância que
aquele ensino terá na prática, na vida diária do aluno. Entretanto, o ideal da Grande Comissão é “fazer discípulos”, conforme
Mateus 28.18-20, e não apenas “passar conteúdo” para alunos.
Talvez seja pela falta
de uma cultura de discipulado na Escola Dominical que existam tantas pessoas em
nossas Igrejas que são exímios conhecedores da Bíblia e de suas doutrinas, mas
estão empacados em seu crescimento espiritual, tanto no sentido do fruto do Espírito,
quanto no serviço cristão. Eles poderiam lecionar qualquer matéria bíblica com
facilidade pelo conhecimento que possuem, mas a sua vida prática não condiz com
o discipulado de Jesus, conforme Mateus 16:24,25: “Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim,
negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me; pois, quem quiser salvar a sua
vida por amor de mim perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim,
achá-la-á”.
Concluímos que o
professor é o elemento-chave para fomentar o discipulado na EBD, criando um
ambiente relacional e edificador para os seus alunos.
* JOARY JOSSUÉ CARLESSO é Pastor (CIADESCP/CGADB), Supervisor
do Setor 08 - Shalom da IEADJO (Igreja Evangélica Assembleia de Deus de
Joinville/SC), Coordenador Geral do Departamento de Evangelismo e Discipulado
da IEADJO. Secretário do DECOM (Departamento de Comunicação) da CIADESCP,
Membro da Comissão Pró-Centenário da CIADESCP e Membro da Comissão de Planos e
Estratégias de Evangelização e Discipulado da CGADB. Bacharel em Teologia,
Pós-Graduado em Aconselhamento Cristão, Professor do Curso de Pós-Graduação em
Discipulado e Cuidado da Faculdade Refidim. E-mail: joaryjc@hotmail.com
[1] CARLESSO,
Joary Jossué (Org.). 1ª Oficina de
Discipulado. 5.Ed. Joinville: Departamento de Discipulado, 2011.p.07
[2] idem
[3]
BÍBLIA, português. Bíblia de Estudo do
Discipulado. Nova Almeida Atualizada. Materiais de Estudo: David Edward
Kornfield e Josadak Lima da Silva. Barueri: SBB, 2017. p. V.
[4] MARSHALL, Colin. PAYNE,
Tony. A treliça e a videira : a
mentalidade de discipulado que muda tudo. São José dos Campos: Fiel, 2015.p.83.
[5] CAMPANHÃ, Josué. Discipulado que transforma : princípios
e passos para revigorar a Igreja. São Paulo: Hagnos, 2012.p.24.